Inspire, expire e se permita: organizando as idéias e a mente no Mosteiro Zen Budista
- Renata Zacaroni
- 6 de jun. de 2017
- 4 min de leitura
Templos, monges, monumentos, ensinamentos... e muito verde num passeio barato de verdade!
Sabe aquele programa de domingo que te proporciona fotos lindas para postar e para guardar, contato com a natureza, com uma cultura diferente, com as pessoas que te acompanham e também com aquelas que você está vendo pela primeira vez; que te ensina técnicas de relaxamento, de respiração, de meditação; conhecimentos para manter a mente limpa, saudável e ativa MAS, que nem por isso, te faz gastar as suas sagradas economias? Então. É este! Nesse último domingo, depois de muita insistência por parte de um grande amigo, pude vivenciar um dos passeios mais ricos que já fiz em toda a minha vida (por isso, gratidão, Marlon!).
Conheci, após dois anos vivendo em território capixaba o Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem, localizado na zona rural de Ibiraçu.
Fica em um município muito bonitinho do norte do estado com pouco mais de 12 mil habitantes e, por isso, o clima interiorano é predominante. Optamos por ir de carro. Partindo de Vitória a viagem dura cerca de uma hora e meia e DEVE ser feita bem devagarzinho, pois é repleta de surpresas e paisagens incríveis ao longo do caminho. O trajeto é feito pela BR 101 (há um único pedágio, o valor cobrado é de R$5,00 e por isso a estrada é bem tranquila, bem pavimentada e inclusive em um trecho, passa atualmente por duplicação). São ao todo 65,5 km. O Mosteiro abre para visitação SOMENTE aos domingos, de 8h às 12h – portanto, saímos da capital cedinho. Importante: levamos frutas, biscoitinhos, água e sucos e foi o que nos salvou – o local até conta com uma pequena lanchonete, mas as opções de lanches são limitadas. Há apenas caldo de cana e pastel frito no menu – que só depois fui entender o motivo... Tratam-se dos ‘pratos típicos’ do município. Ao Mosteiro: A entrada do local é majestosa, marcada por um lindo jardim japonês e um portal às margens da rodovia.
Há também o Lago da Serenidade (que muito me impressionou, ele é feito com pedrinhas e areia, uma tradição zen, simulando as ondas e o movimento da água) e as estátuas enfileiradas de 15 monges budistas.
Aconselho que caso queira parar, para aquele CLICK básico, o faça na volta. O local é ermo e pode ser, talvez, meio perigoso dependendo do horário... O Mosteiro fica no alto do Morro da Vargem. Logo, há uma bela subida. Você pode percorrer o caminho todo a pé – são 3 km! –, de carro (há estacionamento em alguns trechos da subida e um logo na entrada principal) e de ônibus (que aí vai metade motorizado e o restante, no dedão mesmo).
Vale lembrar que antes, o acesso ao local era gratuito, mas em decorrência dos inúmeros assaltos e da crise... Passou a ser cobrado o valor simbólico de R$ 5,00 por visitante. Isso é tudo praticamente o que você vai gastar.
Após uma caminhadinha curta, nosso primeiro contato foi com o Cemitério dos Monges – que abriga lápides simples e também, espaços para depósitos de cinzas e reverências. Tudo em meio às arvores, flores, folhas...
Em seguida nos deparamos com uma linda fonte, carpas nadando em um lago artificial, uma pequena ponte que liga o pátio que dá acesso aos templos que compõem o complexo ao restante do local.
Alguns templos, como os dormitórios, os de banho, sanitários, alimentação só podem ser usados pelos monges. Outros, é possível a visitação, como os de meditação e oração. Tudo forma o 'corpo' do monge.
Mas em TODOS, é obrigatório tirar os calçados e deixá-los do lado de fora, alinhados em direção à porta no degrau abaixo. Tradição, superstição, sinal de respeito e de que o que foi trazido ficou lá fora...
Há a possibilidade de se fazer a visita guiada. Bem bacana por sinal – eu até quis fazer, mas meus acompanhantes não estavam na mesma sintonia. O que no final foi um problema... Porque pelo monastério, um dos monges ou voluntários apresentam todo o local e sua história aos visitantes. E como as estatuas que são o que há de mais impactante não possuem placas ou descrições, quem não faz o tour só pode depois deduzir o que elas são. My bad.
Áreas comuns com mesas enormes e bancos para picnics e até redes para aquele cochilinho básico também podem ser curtidas no local.
Uma trilha que leva ao pico do Morro para os mais aventureiros promete muito contato com a natureza.
No final do passeio e possível praticar uma curta meditação, sentado sobre uma almofadinha, chamada Zazen... uma prática que segundo a wikipedia é ‘contemplativa e visa a levar o praticante à "experiência direta da realidade" através da observação da própria mente’. Uma viagem bem bacana que dispensa religiosidade mas demanda espiritualidade. Sentar em silêncio, de frente para a parede, com as mãos apoiadas sobre o colo, as pernas dobradas, a língua no céu da boca. Deixando os pensamentos fluírem...
O monge que nos recebeu (muito engraçado, sábio e bem humorado por sinal) nos explicou como é importante inserirmos esse hábito ‘de deixar ir’ no nosso dia a dia. Nos atentou para o fato de como a indústria avançou no que diz respeito a cura para as doenças do corpo, mas como evoluiu pouco no que confere as descobertas dos mistérios da mente... No finalzinho, para coroar com chave de ouro, há o Centro Cultural – que possibilita uma vista panorâmica das montanhas.
No Mosteiro são realizados ainda retiros ao longo do ano que, segundo os monges, chegam a contar com até 60 participantes de todas as partes do MUNDO por iniciativa. Menos de 1% do público é capixaba. Uma triste realidade. Por isso meu amigo, te digo: CONHEÇA o Mosteiro Zen Budista. Ele é o primeiro da América Latina, fundado em 1974. ‘O zen trata o Buda sem dogmatismos.’ Mais sobre o mosteiro pode ser conferido na própria página do local: http://www.mosteirozen.com.br/
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